sábado, 18 de fevereiro de 2012

A morte um novo começo. cap 1-3

Estava inclinada a não aceitar a provocação. Também tinha memória sobre aquela trágica briga que lhe rendeu alguns dias sem sentar, por mais ‘’ carinhoso’’ que ele tenha tentando ser, aplicou uma boa dose de força naquelas palmadas. Yuri sabia que Isobel odiava ser tratada como criança, isso desde quando era uma criança. Essa era uma das coisas que ele adicionou a seus pontos fracos.

Pretendia argumentar a provocação, mas engoliu as palavras quando ele contou a novidade, sobre seu tio, apesar das divergências e de nutri um ódio em especial por ele, sentiu aquelas palavras pesarem. Mas a pior parte era saber que seu próprio filho teria tirado sua vida.

Por um momento deixou de encará-lo nos olhos buscando refugio na chama trepidante proveniente da fogueira. Precisava pensar afinal com o pai morto ele não é só o líder dos Bloodstar, no mínimo está sendo caçado pelos outros, e com certeza ia ser morto, pois não tinha mais apoio. Teria que decidir agora, se o queria morto ou vivo, pois sem ajuda de Elliot era só uma questão de tempo.

Rapidamente como se saísse de um transe recobra a consciência ao para de pensar no possível funeral de Yuri. Percebendo que o momento não pedia um conflito, mas uma solução deu alguns passos na direção dele, sentado ao seu lado, inclinou um pouco à face, porem dessa vez encarou-o nos olhos, que iluminados pela luz das chamas revelam uma bela tonalidade.

Nunca tinha percebido o quanto Yuri é bonito, pois sempre estava ocupada tentando vencê-lo nas brigas ou insultando-o para se dar conta que ele também cresceu. Era uma pena este não ser um momento propicio para se dar conta desses detalhes. Tendo em vista a situação delicada do momento impedindo um pouco de apreciação. Resolveu manter sua atenção em um possível plano de ajuda.

Acomodando suas pernas uma sobre a outra na posição de índio com os cotovelos apoiados para sustentar a cabeça sobre as mãos, diz calmamente sem esboçar nem um sorriso.

-Eu sabia que você não era inteligente, mas burro a esse ponto foi uma surpresa! Yuri, o resto da matilha vai te caçar até seu último suspiro.

Fecha os olhos por alguns segundos, pois a fumaça há incomodou um pouco, ou talvez seja uma singela lágrima tentando escapar enquanto é duramente reprimida pelos instintos de Isobel, ela jamais permitiria transparecer tristeza ou medo outra vez. Continua conversando com ele, coisa que não acontecia há muito tempo.

- No momento a sua cabeça pode ficar no lugar, eu não preciso dela para ser uma heroína, vou ser, se conseguir mantê-la no lugar. – Até tentou confortá-lo, com um sorriso sincero e acolhedor. Forçando-se a não deixar nenhum outro sentimento transparecer e mostra para ele que juntos podem sair dessa.

Ela não atentou para o fato de que este seria o momento de finalizar toda a dor que sentiu quando os Bloodstar mataram sua família. Este é o momento de vingar a morte de seu pai, mas a que preço? Ao custo do sangue do seu primo? Não se prendeu a essa pequena reflexão. Retornar a sua ignorância habitual, no momento é a coisa certa a ser feita.

- Vou dizer o que vamos fazer: Levantar a bunda da poeira e procura o Elliot. Ele vai te ajudar.

Isobel não tinha dúvidas de que Elliot na qualidade de lidar dos Stonemoon ia ajudar, pois pela lógica, Yuri também era sobrinho do antigo líder e não tinha nada haver com aquela briga. Ele era apenas uma vítima da crueldade de seu pai. Isobel não agüentava vê-lo naquela situação, enquanto o mundo vai desabar sobre sua cabeça. Sentado apenas preocupado com o fogo, dava a entender que tinha se rendido. A marca de luta era visível em seu braço, mas ao que parece a pior habitava em seu coração. Não queria perde o melhor amigo de infância, e o único parente de sangue vivo por uma guerra feita por outros.

Antes que pudesse pensar em algumas palavras para consolar Yuri, sente uma presença, escuta alguns galhos estalando a sua frente, perto dos arbustos. O estalar dos galhos secos, agitação de alguns pássaros, anuncia o que vai acontecer. Isobel levanta-se devagar e ficou abaixada pressionado os joelhos, e com as duas mãos firmes na terra inicia sua transformação. Alguns segundos depois um garou enorme, de pelos escuros e grossos, revela sua fúria na direção deles. Ela não tem dúvidas, avança na direção dele com as garras prontas para cravar na sua carne.

A mente de Yuri estava longe e a mil, mas seu corpo estava ali sujeito a tudo. Só voltou a realidade quando o vento gelado e o cheiro de Isobel lhe atingiram no rosto. Seus olhos azuis focaram-se nos dela. Yuri deu um sorriso, sentia falta da amiga.

As palavras dela ainda ecoavam pelo local quando começou a fazer sentido para ele. Uma incontrolável vontade de rir foi crescendo no seu interior.

Virou o rosto para falar, mas se calou quando viu sua transformação. Tombou a cabeça para trás e fechou a cara.

- Que diabos! – A voz era assustada. – Não precisa disso.

Yuri levantou-se devagar e passou para a forma intermediária, nunca foi muito afobado. Seus olhos fixos no movimento dos dois. Riu quando os garous se choraram, gostou de observar Isobel o defendendo, mesmo sem necessidade. Pensou em deixar o outro garou dar uma lição nela, mas nunca iria se perdoar se acontecesse algo, as brigas com Isobel eram exclusivas dele.

Quando o outro garou levantou seus braços e desceu a garrada sobre ela, Yuri já estava a puxando e cobrindo seu corpo. Soltou um gemido dolorido.

- Dá para parar! Os dois! – Sua voz foi alta e firme.

Não soltou Isobel e virou o rosto para o amigo que balançou a cabeça negando e voltando a sua forma real.

- Ela é inimiga, Yuri deveríamos acabar com isso já. – A voz do homem tinha muita raiva.

- Humrum, e isso é assunto meu, certo? Volte e diga que estou de luto e desejo ficar sozinho com os meus ‘fantasmas’! – Usava uma voz decidida.

Gustav o alemão do bando, olhou para o rapaz com um ar critico. Os dois se encararam e instantes depois o alemão virou o rosto desviando o olhar.

-Certo Yuri, tome cuidado! – Tentava manter a voz firme, mas se sentia frustrado.

Yuri somente sorriu e ainda segurando Isobel moveu o rosto passando pela nuca dela e falando num tom baixo.

- Não fique brava, só estavam preocupados comigo assim como você, mas agora me diga... Eu matei meu pai?

O rapaz largou Isobel e deu um sorriso de canto de boca.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

A morte um novo começo. cap 1-2


Do outro lado da reserva uma jovem com altura entorno de 1,83, cabelo castanho escuro; cheio de cachos desarrumados que deslizam por sobre sua pele clara; algumas sardas na maçã do rosto, realçando seus belos olhos verdes cor de esmeralda tudo combinando com os traços delicados de rosto que desenhavam seus lábios rosados de forma mediana. Alguns cachos alcançam o seu belo colo desnudo, pela blusa de alças básica preta, que revela suas curvas bem acentuadas que não combina em nada com a calça de estampa militar um pouco folgada e as pesadas botas West Coast marrom. Isobel observava a fogueira da janela de seu quarto, imaginando quem estaria acordado a essa hora assando marshmallow. Acabou por esboçar um sorriso tímido seguido de um nome dito em um fio de voz:

-Yuri.

Ele era o único lupino daquele lado da reserva que poderia estar bem mesmo sozinho, ou pelo menos aparentava. Apesar das divergências familiares, eles conseguiram ser amigos na infância, pena que o receio de seu tutor Elliot e a insanidade do pai do rapaz tenham encoberto esses laços.

Porém, mesmo prometendo a Elliot fica longe dos Bloodstar, e ao seu pai livrar o mundo desta praga, que por sinal incluía Yuri à lista, não conseguia mentir para si mesma sobre ele. Afinal, mesmo sendo criado naquele covil, ele tem um bom coração.

Isobel se afastou da janela dando alguns passos em direção a porta, ao sair encostou-a vagarosamente para que não fizesse barulho, caminhou pelo corredor cuidadosamente. Desceu as escadas com passos delicados, tentando ao mínimo fazer algum barulho. Tudo que não queria era acordar seu irmão Pietro e Elliot.

Ao chegar à sala foi rapidamente para a porta dos fundos e com o máximo de cuidado abriu, saiu e fechou, evitando fazer sons, nem ao menos respirava direito com medo de acordar alguém. Do lado de fora percebeu como estava frio, pois quando respirou pode ver claramente a fumaça saindo dos seus lábios, mas não se intimidou a ponto de voltar, pois está sendo guiada por um laço de amizade extremamente forte. Aqueceu um pouco as mãos uma na outra a levou até a boca soprando ar quente nelas enquanto caminhava pela reserva. Passou pelas grandes arvores de pinho e eucalipto que lhes deixaram um perfume silvestre.

Para se guiar pela trilha Isobel contou com a luz da Lua guiando seus passos. Mesmo não sendo precisa, ela conseguiu andar sem muitos acidentes, desviando-se das pedras e raízes mais perigosas, porem não conseguiu se esquivar dos galhos que acabaram deixando marcas de terras em seu rosto e também prendendo em seus cabelos os deixando mais bagunçados e agora com uma decoração selvagem de galhos e pequenas flores brancas. Foi desta forma que Isobel surgiu na clareira, parecendo-se com um esquilo perdido a uma garota.

Quando surgiu diante de Yuri, pode observar a posição do rapaz, sentado sozinho, diante da chama. Ficou quieta alguns segundos analisando sua expressão facial, pode concluir que ele estava no mínimo triste.

O desejo infantil pedia que ela se aproximasse pulando em seu pescoço, mas a racionalidade adulta travou suas pernas, o fato e que já fazia muito tempo que não se aproxima de Yuri sem aquela intenção de feri-lo, então permaneceu parada do outro lado da fogueira. Estava ainda próxima à trilha caso ele a atacasse. Respirou profundamente e mesmo com receio não se intimidou e resolveu iniciar o diálogo da mesma forma que faria com seu irmão:

- Nossa, pensei que ia jantar algum caçador desavisado dos perigos da floresta, mas olha só quem eu encontro: A versão lupina do “Hachi”, esperando algum fantasma? Ou querendo incendiar a floresta.

Yuri estava parado ainda, sentiu o fogo se extinguindo então esticou o braço pegando um galho seco ao seu lado e jogou sobre a fogueira. Viu as brasas pularem no ar e o fogo crescer. Piscou algumas vezes ao ver a silhueta atrás das chamas, forçou a vista e poder reconhecer Isobel.

Sentiu-se um tolo por estar tão disperso que nem sentira sua chegada. Fechou os olhos e ficou ouviu de sua voz, o tom que usava, mesmo quando estava tentando ser engraçada falando sobre fantasmas, afinal naquele momento Yuri estava rodeado deles.

Deu um pequeno sorriso de canto de boca e inclinou-se para trás, apoiando em seus braços e olhando para os olhos da garota, gostava de uma boa briga, mas não estava com nenhum pique.

- Creio que os dois, mais os “fantasmas” chegaram primeiro. O que quer? Sentiu falta de levar umas palmadas ou preferiu vir se render?

A voz era tranquila e sem nenhum pingo de humor, moveu a cabeça para trás deixando o pescoço bem a mostra para Isobel. Yuri estava se rendendo? Provavelmente afinal sempre fora mais forte que ela.

Mantendo seu sorriso sínico Yuri lembrou-se da sua ultima briga, as palavras, os socos que ela lhe deu e também a forma que ela ficou ao ter sido presa e seus gritos e ofensas ao levar umas palmadas na bunda. No fundo Yuri sabia qual seria o resultado numa briga real entre os dois, mas balançou a cabeça negando algo.

- Já ouviu as novidades? – Sua voz agora tinha uma dor que ela nunca ouvira falar, afinal Yuri mantinha bem seus sentimentos ocultos. – O grande e poderoso Johann agora esta onde não poderá mais machucar ninguém... Idiota!

Seus olhos estavam fixos nela, assim podia ver cada reação a suas palavras.

- Pode comemorar... Que tal levar a cabeça de outro Bloodstar e ser uma heroína?

Fechou novamente os olhos, uma pequena lagrima escorreu de seu rosto, mas era Isobel ali, então não sentia vergonha, não sentia-se fraco, somente ela sabia o ódio que tinha por seu pai, somente ela poderia saber como isso o afetava.

A morte um novo começo. cap 1-1

Sentado a frente de uma fogueira Yuri ficou pensando, seus olhos escuros estavam fixos na chama que se moviam ao sabor do vento, sem planejar ele começou a pensar. Sua mente vagava para longe... Com as chamas que se contorciam vinham às lembranças.

Numa fagulha Yuri pode sentir o aroma suave de jasmim que sempre vinha junto de sua mãe, fechou os olhos e rapidamente abriu constatando que não estava mais no presente. Sorriu ao ver Madalena, sua mãe, cabelo preto emoldurando o rosto perfeito, Yuri amava sua mãe, era seu bem mais precioso.

Fechou os olhos e quando abriu sentiu um tapa no rosto e virou para frente, sua boca encheu-se de sangue, o gosto férreo o fez cuspir, levantou o rosto olhando para Johann seu pai, um homem grosso forte e com um olhar orgulhoso e intimidador.

“-Presta a atenção! Você é um líder, nunca, mas nunca se rebaixe... A não ser que seja morto, ou seja, somente uma mulher!”

O homem apontou para o lado mostrando sua mulher, Yuri pode ver Madalena no chão ao lado da fogueira, os cabelos longos negros tentando ocultar a marca vermelha no seu rosto e outros hematomas que não era muito visível por causa da roupa, inconscientemente ele rosnou vendo o estado de sua mãe.

“-Mulheres são fracas, só servem para procriar e esta é inútil agora é uma inútil...”

Foi o máximo que Yuri aguentou. Seu corpo jovem não suportou a pressão de sua fúria. Johann se surpreendeu virando-se para o filho e vendo aquele pequeno lobo pulando em sua garganta, um ataque surpresa que foi facilmente vencido pela experiência de seu pai, que mesmo tendo evitado acabou levando uma leve mordida em seu rosto.

Johann riu alto e balançou a cabeça olhando para o filho no chão, com sangue saindo pela boca.

“-Fedelho insolente! Sua atitude de proteger sua mãe é louvável, pena ser inútil!”

Yuri olha para o pai ainda na forma de lobo, sentindo a dor e a vergonha. O sangue quente ainda escorre pela sua boca molhando seu pelo.

“-Atos heróicos só servem para cadáveres. Então cresça, fique forte e seja um líder... Ou então morra com a vergonha de ser só um... Qualquer!”

A risada de Johann faz com que Yuri feche os olhos, de ódio e rancor. Quando volta a abrir pode ver a fogueira ainda trepidando e nenhuma silhueta, novamente estava no presente, mas as marcas do passado se fazem presente. Levando a mão ao peito passa sobre sua cicatriz e sorri.

“-Agora quem é um 'qualquer' morto é você!”